Doutoranda do PPGACV, Juliana Queiroz, é classificada em 1º lugar no Prêmio SBPC
A pesquisadora obteve o reconhecimento na categoria “Pesquisa - Música e Artes”
Juliana Queiroz, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, é a vencedora do 1º lugar na categoria “Pesquisa - Música e Artes” no prêmio SBPC 2024. A premiação é realizada desde 2014 e se trata de um incentivo aos pesquisadores de graduação e pós-graduação e aos concluintes dos cursos a partir de janeiro de 2023.
A pesquisadora é também a mente criativa responsável pela criação do jogo de tabuleiro “Empoderadas”. A pesquisa, que alia pedagogias culturais feministas e antirracistas à cultura visual, busca promover igualdade de gênero e empoderamento feminino nas escolas e instituições educativas e foi realizada sob orientação do professor do PPGACV, Thiago Fernando Sant’Anna Silva.
Parabenizamos todos os demais ganhadores do prêmio! Acompanhe no link a seguir a relação com os participantes premiados: https://search.app/XpLVScCtNh8wUNiY8.
A entrevista a seguir apresenta os desafios da trajetória acadêmica da doutoranda e a construção de sua identidade como pesquisadora.
- O que representa a conquista do 1º lugar na categoria “Pesquisa - Música e Artes” no prêmio SBPC 2024?
Esse primeiro lugar representa o reconhecimento máximo de uma contribuição inovadora e significativa no campo da arte e cultura visual. Esse prêmio destaca o impacto cultural e acadêmico da pesquisa, celebrando o aprofundamento teórico e a inovação prática na interseção entre arte e cultura visual. É uma validação do esforço em promover o diálogo entre ciência, arte e cultura visual, valorizando o poder criativo como ferramenta para a transformação social e intelectual.
- O que inspirou a construção da sua pesquisa? Poderia descrever o escopo do trabalho?
A construção da pesquisa foi inspirada pela necessidade de criar uma ferramenta lúdica e educativa que abordasse questões de gênero, representatividade e empoderamento feminino. Tudo foi baseado em minha trajetória acadêmica e em questionamentos sobre minha identidade como pesquisadora, desafiando as limitações impostas a mim durante seu percurso.
O escopo do trabalho envolve o desenvolvimento do jogo de tabuleiro "Empoderadas", que surgiu durante o meu mestrado. Este jogo tem como objetivo educar sobre igualdade de gênero e direitos, utilizando personagens femininas inspiradoras que promovem discussões sobre as experiências e percepções dos jogadores em relação a essas questões.
A pesquisa está ancorada em pedagogias culturais feministas e antirracistas, com uma forte ênfase na cultura visual. Além disso, o conceito de rizoma de Deleuze e Guattari serve como base teórica, propondo uma abordagem não hierárquica, fluida e conectada à construção do conhecimento.
O trabalho não se limita ao desenvolvimento do jogo, mas também busca inserir essa ferramenta em escolas e instituições educativas, promovendo um impacto direto na educação básica. Me envolvo em palestras, oficinas e parcerias, visando a divulgação científica e a ampliação do uso do jogo "Empoderadas" como uma ferramenta pedagógica inclusiva.
- Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante a construção da pesquisa?
Um dos principais desafios foi a minha construção de identidade e validação como pesquisadora. Desde o início da minha jornada, me questionei sobre seu papel como pesquisadora, e enfrentantei obstáculos que testaram minha resiliência e determinação. O questionamento "E eu não sou uma pesquisadora?" reflete essa luta por validação e reconhecimento, especialmente em um ambiente acadêmico que muitas vezes impõe barreiras.
Outro ponto de desafio que sempre me acompanhou desde o mestrado, mas agora no doutoramento é um problema sanado é a falta de financiamento para a pesquisa. Em toda a pesquisa enfrentei falta de recursos para expansão do projeto. Busquei alternativas fora da universidade, enfrentando a dificuldade de garantir fundos para a produção dos exemplares do jogo "Empoderadas". Nesta etapa do doutoramento fui contemplada com a Bolsa CAPEs que tem ajudado na ampliação e alcance da pesquisa.
- Considerando a frase que introduz o título do trabalho (E Eu Não Sou Uma Pesquisadora?), o que motivou essa indagação?
Durante a construção da minha pesquisa da minha pesquisa de mestrado, um dos discursos feministas que mais foram importantes foi “E não sou uma mulher? – Sojourner Truth”, sendo assim, quando construí o texto considerei pertinente criar essa homenagem a Senhora Truth.
- Durante sua trajetória acadêmica, quais foram os momentos em que você mais se sentiu desafiada como pesquisadora?
O maior desafio, sem dúvida, foi a constante construção da minha identidade como pesquisadora. Outro ponto de desafio é pesquisar se o financiamento.
- Quais fatores você considera fundamentais na construção de uma pesquisa e na formação de uma pesquisadora?
Questionamentos constantes e construção de uma identidade como pesquisadora. Resistir às dúvidas internas e aos obstáculos externos e sempre buscar seu lugar na academia. Construir pesquisas que dialoguem com a sociedade, com o intuito de construir pontes entre o conhecimento acadêmico e sua aplicação prática. Parceria com outros pesquisadores, e estar sempre em harmonia com seus orientadores.
- Como a SBPC, na sua visão, contribui para promover a ciência no país?
A SBPC faz um trabalho importantíssimo na pesquisa brasileira ao criar espaços que fomentam o crescimento de pesquisas e pesquisadores, bem como o papel de reconhecer trabalhos inovadores, por meio de premiações que reconhecem os esforços desses pesquisadores. A SBPC não apenas valoriza o esforço acadêmico, mas também aproxima a ciência da sociedade, reforçando sua relevância e impacto social.
- Quais conselhos você daria para quem está começando no meio acadêmico e enfrenta dúvidas sobre ser reconhecido como pesquisador(a)?
Lembre-se sempre que sua identidade como pesquisador(a) e sua pesquisa estão em um processo de construção contínua. Busque sempre apoio dos seus mentores e orientadores durante o desenvolvimento da pesquisa. O caminho acadêmico é repleto de obstáculos, como a falta de financiamento, limitações institucionais ou pessoais, e críticas ao trabalho. Mas lembre-se que essas dificuldades fazem parte do processo e que diante da persistência que os resultados virão. Não espere que o reconhecimento chegue de imediato. Seja proativo(a) na divulgação do seu trabalho. Participe de eventos acadêmicos, publique artigos, apresente sua pesquisa em Congressos, Seminários, Conferências e busque espaços de discussão. O reconhecimento vem com o tempo, conforme você avança em sua jornada, faz contribuições e encontra seu lugar na academia.
Saiba mais sobre o Jogo Empoderadas.
Fonte: PRPG UFG